“Vamos, nós temos que sair daqui!” Eu agarrei a mão do meu amigo e corri até a porta dos fundos da nossa sala de aula. Quando eu olhei para trás enquanto corria pelo corredor, vi os homens saindo de dentro da sala de aula, nos perseguindo.

“Parem! Parem já aí!” As vozes deles pareciam nos agarrar pelo pescoço.

Nós só precisávamos cruzar o parquinho, passar pelo portão da escola e, então, estaríamos no pé da colina. Apesar de não ser tão alta, ela era bem apedrejada e áspera. Depois de correr pelo portão e fazer a curva a toda velocidade, nós ignoramos a trilha e nos jogamos direto para os arbustos. Nós atravessamos galhos densos e
continuamos correndo. Nós corremos pelo que pareceu ser uma eternidade, finalmente parando quando o barulho de passos atrás de nós se foi. Nós caímos no chão coberto de camadas de folhas secas, com suor pingando de nossos rostos.

“Eles não irão nos seguir até aqui, certo?” Meu amigo concordou com a cabeça, respirando pesadamente. Nós levantamos nossas camisetas para limpar nossos rostos com elas. O rosto do meu amigo estava molhado com suor e lágrimas. Seus pulsos estavam preto-azulados com machucados. A gola da sua camiseta estava rasgada.

“Meu pai não vem para casa há mais de uma semana. Minha mãe só continua chorando. A moça da limpeza e o motorista pararam de vir. Minha tia diz que a companhia do meu pai fechou. Aqueles homens vieram para a nossa casa na noite passada. Eles ficaram apertando a campainha e gritando pelo meu pai. Nós ficamos dentro de casa com todas as luzes apagadas e eles continuaram xingando na frente da
porta. Não conseguimos dormir nada.”

Meu amigo chorou durante toda a sua história. Não conseguia pensar em nada para dizer. Tudo o que eu podia fazer era dizer para ele não chorar.

Foi logo quando as aulas começaram que a porta da frente se abriu e quatro ou cinco homens entraram. Eles pareciam imprudentes e precipitados.
“Qual de vocês é filho do Sr. Choi? Venha conosco.” Chocada, a nossa professora pediu que eles saíssem imediatamente, mas eles continuaram simplesmente a ignorando. “Nós sabemos que você está aqui. Saia agora mesmo.” Algumas crianças olharam feio para o meu amigo sentado ao meu lado e começaram a sussurrar. Os
homens notaram e vieram na nossa direção.

“Vocês não estão vendo que estamos no meio da aula? Por favor, se retirem.” Nossa professora tentou bloquear o caminho, mas um deles a empurrou fortemente contra o quadro. Ela caiu no chão.

O homem que empurrou nossa professora caminhou em nossa direção de maneira ameaçadora. Todos os estudantes viraram suas cabeças em nossa direção. O homem agarrou subitamente o braço do meu amigo.

“Nós iremos te levar até o seu pai e pegar o dinheiro com ele. Claro, ele não vai negar o seu filho.” Os homens eram ameaçadores e a atmosfera era intimidante.

Eu olhei para o rosto do meu amigo. Ele estava tremendo. Tremendo intensamente com a sua cabeça abaixada. Ele era meu amigo. Eu alcancei sua mão por debaixo da mesa e a segurei. Ele olhou para cima e eu puxei sua mão.

“Vamos correr.”