A mãe do JiMin cruzou a sala de emergência. Enquanto verificava os nomes nas cabeceiras das camas e nos suportes de medicação intravenosa, um por um, ela removeu com um dedo um resquício de grama que havia ficado perto do ombro do JiMin. Eu me aproximei para falar sobre por que JiMin havia sido levado para a sala de
emergência e como ele havia tido uma convulsão no ponto de ônibus. Como se ela tivesse acabado de perceber a minha presença, a mãe do JiMin olhou para mim um pouco, como se ela estivesse tentando adivinhar algo. Eu hesitei, sem saber o que fazer. A mãe do JiMin me disse uma palavra de agradecimento e depois se virou.

Ela me encarou novamente quando os médicos e enfermeiras começaram a mover a maca do JiMin e eu tentei seguir. Enquanto dizia obrigada novamente, a mãe do JiMin cutucou meu ombro. Em vez de cutucar, tocar levemente e depois remover a sua mão
seria a expressão mais correta. De repente, havia uma linha entre a mãe do JiMin e eu- uma que eu não conseguia ver. Essa linha era clara e firme. Era fria e sólida. Era uma linha que eu nunca poderia cruzar. Eu morei no orfanato por mais de dez anos. Então, eu conseguia sentir e dizer muito através do meu corpo, meus olhos, o ar. Na confusão do momento, enquanto dava um passo para trás, eu caí no chão. A mãe do JiMin olhou para mim com um olhar vazio. Ela era pequena e bonita, mas a sua sombra era enorme e fria. Essa sombra escura se projetou sobre mim no chão da emergência.
Quando eu levantei minha cabeça, a maca do JiMin já havia sido removida da sala de emergência e eu não conseguia vê-la em lugar nenhum. Depois daquele dia, JiMin não voltou para a escola.